segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Não quero falar da morte

Não quero falar da morte
porque a vida me é rara
feito ar puro
em cidade grande
feito cheiro de mar
onde não tem mar

Não quero falar da morte
porque muitas vezes
já morri por medo dela
morri quando me calei
e devia falar
Morri quando fui
indiferente e devia
ter chorado

Não que falar da morte
porque dela quero distância
embora eu saiba que
ela ande ao meu lado
na espreita
e vou me esquivando
com a destreza de
quem tem medo

Não quero falar da morte
porque (embora com medo)
sinto prazer em desafia-la
e aprecio o gosto
amargo do perigo
perigo que é primo da morte

Não quero falar da morte
porque ela é companheira
de viagem
e embora se pense virgem
a morte é mulher da vida
e se deita com todos
e com ela todos se deitam

db 23/02/2015

"A vida é água na peneira" db

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