segunda-feira, 27 de novembro de 2017

sábado, 25 de novembro de 2017

A rua

Na rua é preciso ter respeito
respeito com a rua, com os da rua
com as leis tácitas dela
E não são só os sem teto
sem lar, sem para onde ir à noite
que são dela
A gente vai sendo também
Aos poucos, aos trancos
Pelos flancos, pelos poros
A rua vai introjetando na gente
E vamos nos sentindo dela
com o viver das experiências
A gente vive, apanha, aprende
Quem só passa por ela
a caminho de casa, do trabalho
ou seja lá para onde estiver indo
não tem uma parca noção do
que acontece em cada esquina
em cada beco, em cada canto
Na rua a educação é outra
A lei é outra e o caminho
pode não ser o que a placa indica
ele também pode ser outro
E aí, quando você acha
que já é quase íntimo da rua
Percebe que
A rua não é de ninguém mas
tem seus donos

db

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Na rua

Se for pra rua
Lembre-se:
Lá o chão
É mais perto
E o tombo
é quase certo
E é com ele
Que se aprende
Lá tem sol que arde
Tem lua que clareia
Tem som que ensurdece
O assunto na rua
É mais reto
E a razão tem
Muitos lados
Na rua a arte
Pode ser maldita
A poesia sinistra
Mas é de verdade
Você descobre
Cedo ou tarde
Que lá
O buraco
É muito mais
Em baixo
Mas não tenho
Certeza
Só acho...

db

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Tempos sombrios

Atravessamos tempos sombrios.
Tentam nos tirar conquistas
Tentam nos intimidar com suas leis
e com seus tentáculos oficiais
Eles tentam nos acuar
e nós só temos ideias, ideais
e nossa arte como arma.
Somos muitos, mas muitos
de nós estão assustados,
cansados, acomodados.
E tudo o que eles querem
é que nos acomodemos
e que aceitemos tudo que
eles fazem como normal,
como parte de uma norma
que nós não conhecemos
e nem ajudamos a criar.
Tudo que eles querem é
que nos adaptemos às
suas regras, ao seu sistema
Que aceitemos passivamente
suas ordens e seus conceitos
Acomodados e sem ânimo
para a luta, nos somos
presas fáceis.
Eles estão vindo
Vão invadir nossas casas,
Vão nos tirar de nossas camas
Vão queimar nossos lençóis
E aí, nos vamos acordar assustados
e sem defesa
E eles vão cercear nossos sonhos e
vão jogar por terra nossos ideais.
E tudo que eles querem e precisam
É que continuemos descrentes,
acomodamos e acovardados.
Até quando vamos permitir?
Quando é que vamos deixar
de ser somente
revolucionários de boteco?
Somente
guerrilheiros de rede social?
E entender que a vida e a luta
não é só virtual?


db

Reflexões Cardiológicas

Já ouvi alguém dizer que o passado
pulsa dentro do peito como um segundo coração
No meu, esse segundo coração tem arritmia
Pulsa as vezes forte e doído, as vezes nem o sinto bater
O passado é tão mais importante quanto mais
morno é o presente e a perspectiva de futuro
Como todo mundo, divulgo sim meus grandes feitos
e escondo, mais ainda, os meus malfeitos,
minhas misérias interiores, meus medos e pecados
E talvez todas as consequências destes tenham
servido de experiência e estofo para realizar aqueles
Só na poesia sou capaz de rasgar o peito
e mostrar esses dois corações
E mesmo assim só os verão os bons entendedores
Faço do passado e do presente poesia hoje
e espero que ela me acompanhe no futuro
Quanto mais doida e doída for a batida
desses corações que trago aqui dentro
melhor para a poesia que está por vir...


db

(reflexões cardiológicas)