segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Sem razão: Sem argumento

Discutindo-se com
um louco percebe-se:
Contra a falta
de razão
Não há argumentos.

db - 25/12/2015

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Eu choro largado

O pássaro azul do meu peito
Vive com a gaiola aberta
Chora em silêncio as vezes
Outras chora largado
A emoção teima em
ficar alerta
O pássaro teima
em não ficar calado
Não sei se louco
é o pássaro do meu peito
Ou se a loucura minha
É que não tem mais jeito
Loucura é não ser igual
E seguir a manada
Ou seria secar
e não chorar por nada?

Douglas Bunder 11/15

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Nossa Língua



Nossa língua nos traduz
Apaga o escuro, acende a luz
Em poesia e em prosa
Em João Cabral, Guimarães Rosa
Faz histórias, sensações
Em Fernando Pessoa, em Camões
No xingamento, no afago
Em Drummond, em Saramago
Aqui ou em Portugal
Angola ou Macau
Moçambique, Guiné-Bissal
É tudo diferente e faz tudo igual
Nossa língua nos convém
Nos completa, nos mantém
Nossa língua nos segura
Nos aguenta, nos atura
Nossa é muito louca
Nossa língua
Enche nossa boca

Douglas Bunder (11/2015)
 Poesia no Azulejo
Poesia no azulejo - Para comprar clique na imagem
Comprar este produto

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Depois da chuva

Enquanto a rã
nada e derrama
coaxos pelo riacho

Eu aqui na cama
Recolho meus achos
e não acho nada


db (10/15)



 Poesia no Azulejo
Poesia no Azulejo - Para comprar clique na imagem

Comprar este produto

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Idolatrando a dúvida


Para que o definitivo
Se é o provisório
Que permite
Mais
Possibilidades?
Para que o real
Se é o ilusório
Que nos faz
Felizes?
Para que o racional
Se é a emoção
Que nos mantém
Vivos?
Para que o pragmatismo
Se é a utopia
Que faz a
História?
Para que a certeza
Se do pouco que já
Disse
Cada vez menos posso
Afirmar?


db  10/2015

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Como abdicar?

Como abdicar
do verso
Sabendo que
se rimo
rimos 
juntos?
db

Poesia no Azulejo
Poesia no Azulejo - Para comprar clique na imagem

Comprar este produto

sábado, 5 de setembro de 2015

Sobre a vida e a morte


Morreu afogado
Um menino
Do outro lado do mundo
Ele tinha três anos
Morreu fugindo
Do medo e do terror

Morreu estrangulada
Uma senhora
Aqui na rua ao lado
Ela tinha 65 anos
O namorado a matou
Morreu por amor

Ele foi encontrado
Na praia
Bracinhos ao lado do corpo
Ela foi encontrada na cama
Marcas de estrangulamento
No pescoço

E as TVs de todo o mundo
Noticiaram sobre o garoto
E os programas de  polícia
Mostraram o caso da senhora

Ninguém se incomodou muito
Com a morte dela
Todo mundo (inclusive eu)
Chorou com a morte dele

Então pensei:

Crianças não deveriam morrer.
Senhoras não deveriam se apaixonar?

db 05/06/2015









sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Naufrágio

E naufraga a humanidade
E afogados morremos todos nós
sofrendo a ferida alheia
que é tão nossa
Envergonhados
pela falta de humanidade
da humanidade
As vezes sinto vergonha
de ser gente.

db (04/09/2015)


quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Versinho


Estou vendendo poesia
Pra esvaziar meu coração
A paga pode ser um sorriso
Ou uma lágrima de emoção
Se quiser, pode chorar sozinho
E curtir a solidão
Mas se ela for motivo de alegria
Abra uma garrafa de vinho
E pode chamar os amigos
Pra cantar junto a poesia
Como se fosse uma canção...


db 02/09/2015

sábado, 29 de agosto de 2015

Vamos celebrar a dúvida.

Se o paradigma existe
para ser quebrado
Se a ciência só trabalha 
com hipóteses e teorias
que são sempre substituídas por 
outras hipóteses e outras teorias.
Se não há nada mais perigoso 
do que a certeza de ter razão
Então eu penso em quanto tempo 
eu já perdi com certezas.
Hoje eu prefiro a dúvida.
Certeza é coisa de quem pensa pouco.
É preciso ter um pingo de sabedoria
para entender o quão aguda 
é nossa ignorância.
E na dúvida tem acento e pingo
e o acento.... é agudo!


db (29/08/2015)

"Não há nada mais perigoso do que a certeza de ter razão. É preciso idolatrar a dúvida" Antonio Abujanra

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Não quer GPS em minha vida

Não quero GPS em minha vida
Vou seguir para qualquer lado
Qualquer lado é caminho
Não quero orientação de
Voz eletrônica, sem vida
Quero que o vento me leve
Esse sim, sabedor de atalhos
O mundo é uma miçanga
Pequeno mas cheio de encruzilhadas
Onde nos encontramos
E nos desencontramos também
Então preciso de muitos rumos
quem sabe eu mesmo me encontre
num desses cruzamentos?
Ao invés de triangulação de satélites
Vou triangular o instinto, o prazer e o coração

E aí, eu posso sempre recalcular a minha rota.

db 21/08/2015

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Na Estação da Sé

Na Estação da Sé
Percebe-se o
Quanto a raça
Humana
Está longe da
Extinção
Não acaba mais
É gente saindo
E trem trazendo
Uma desvairada
Confusão
Qualquer um
É todo mundo
Tanto  faz
Todos juntos e
Sós na multidão
Não se conhecem
Mas se encontram
E nunca mais
Não há nada
Que segure
Essa manada
Turba, rebanho,
Essa horda
Vocês vieram
De onde  ?
Pra que
Lugar nenhum
Vocês vão ?
Qualquer
Sentido é caminho
Então andam a esmo
Já que nessa cidade
Qualquer lado
É rua mesmo.


Dodo 08/2015

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Ensimesmando


Ensimesmado ato
De ficar calado
Ouvindo e indo
Em busca
Do sentido.
Sentindo que
Que não faz
Sentido a
Briga desbragada
Pela razão.
Ficar então
Parado / prostrado
Sem poder
De decisão?
Ou  a decisão
É essa mesmo:
O poder da
Leniência
Excessiva tolerância      
Ou a  simples
competência
De ter muito
Tempo
Pra pensar
E mesmo
Assim não
Ter vontade
Nenhuma de
Falar.

Dodo (31/07/2015)



ensimesmado


Comprar este produto

terça-feira, 7 de julho de 2015

Maioridade penal

Filho de Maria
Puta de rua
Que não  cuidava da cria
Pai ignorado
Nem tinha notado
A cria sua
Fez o que pode
Aprendeu o que viu
Ninguém ensinou
Nem a puta que o pariu
Não teve escola
Não teve nome
Cresceu quase de esmola
E passando fome
Vergonha foi embora
Medo nunca teve
E começou a roubar
A primeira fez foi foda
Quase que roda
Depois foi de boa
Virou coisa à toa
Arrumou um berro
“- Se atiro não erro
Agora quero o que é meu”
Esse já se fodeu
Ouviu no jornal
Uma cara falando sobre
Maioridade penal
“- O que é isso afinal?
O que adianta esse assunto
Se antes de saber
Eu já vou ser defunto?”

db (07/07/2015)


quinta-feira, 18 de junho de 2015

Paciência

Há de haver paciência.

Entre a concepção e o nascimento
Entre a partida e o reencontro
Entre o plano e o exato momento

Há de haver paciência.

Depois de perder e antes de achar
Depois da doença e antes da cura
Depois de gostar e antes de amar

Há de haver paciência

Logo depois do beijo para que haja sexo
Logo depois do sexo para que haja amor
E na manhã seguinte  para que haja nexo

Há de haver paciência

Depois do insulto para não virar mágoa
Depois da raiva para não virar ódio
Depois do fim para haver recomeço


Há de haver paciência

Entre o azar e a sorte
Entre o sul e o norte
Entre a vida e a morte

Há de haver paciência


db (18/06/2015)

Poesia no azulejo - Para comprar clique na imagem
Comprar este produto


 Poesia no Azulejo
Poesia no azulejo - Para comprar clique na imagem
Comprar este produto       


terça-feira, 26 de maio de 2015

Como me expresso



Como me expresso? Mal, confesso.
Via de regra nem falo Me calo.
As vezes por timidez. Ou sensatez.
As vezes por vontade. Pura maldade.
Entre o dito e o não dito fico com o dito. O Bendito.
Almejo forma e conteúdo. Quero tudo.
Não tenho Xamã nem Don Juan. Mas sou-lhe fã.
E vivendo vou tomando consciência. Nesta ciência
Que vou ser sempre aprendiz. E eu sempre quis.
E entre a prosa e a poesia. Quem diria?
Fico com os dois e deixo o resto pra depois…

db (26/05/2015)

terça-feira, 12 de maio de 2015

Aos bêbados e aos loucos

Tenho cá minhas reservas
com quem não bebe e se
mantem eternamente sóbrio.
Não digo que seja necessário
encher a cara todo dia
mas quem não bebe nem
um tiquinho de nada,
quem não se arrisca a
sair do eixo nunca,
nem que seja
pra virar Batman de
vez em quando
não merece toda
a minha confiança.
Posso não gostar
de todos os bêbados
como não gosto de
todas as pessoas,
mas os bêbados eu
sei quem são...
Já dizia uma tia minha
que o álcool é santo
e tenho em mim que
o que se diz bêbado,
foi pensado sóbrio...

db 12/05/2015

 Poesia no Azulejo
Poesia no Azulejo - Para comprar clique na imagem

Comprar este produto



E me lembrar, sorrindo, que o banheiro
É a igreja de todos os bêbados...”

Cazuza

sábado, 9 de maio de 2015

Não tenho o que dizer em velórios

Eu, que já falo pouco, admito:
Não tenho o que dizer em velórios e enterros
Ou eu não tenho esse dom de confortar com palavras
 ou me sinto constrangido para isso
 ( até porque estou certo de que não terei sucesso )
 Mas, mesmo que não seja de pessoas próximas,
ir a velórios e enterros é importante
Faz parte das obrigações incluídas no
código de comportamento normal das pessoas
( ou será código de comportamento das pessoas normais? )
 Então eu vou à velórios e enterros

Mas nesse código (eu não o conheço muito bem)
parece haver também uma serie de
expressões próprias para a ocasião que incluem:
Meus sentimos, meus pêsames, foi tão de repente etc...

Eu me recuso a dizer: “Meus pesames”
Essa expressão não está em mim.
(embora o sentimento possa até estar)
Ao dizer "meus pêsames"  está implicido
que você está “Pesaroso pelo ocorrido”

Quem estaria “pesaroso pelo ocorrido”
nos dias de hoje?
Essa expressão é muito antiga
Ninguém a fala em situações normais
Hoje as pessoas estão
 “Chateadas com a merda que aconteceu”
Mas isso, não pode ser dito para os
familiares do morto no velório ou enterro

Então eu não falo nada.
Fico na minha.

db (09/05/15)

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Oi. Eu sou o Zé.

Oi,
Eu sou o Zé.
Me conhece?
Não?

Tudo bem...
Não tenho muito
com quem falar.
Então se você
me ouvir
me serve.
E em troca,
te ouço
também...

Sabe,  eu queria
dar minha opinião.
Dar não:
dar é de graça...

E nada que é de graça
tem valor. (dizem)

Eu queria vender.
Mas como não sei
exatamente quanto vale,
me basta explicar:

Minha opinião é expressa
em versos.

(Pronto, olha eu ai
explicando poesia...)

Não... poesia
não tem explicação.

Poesia, só tem que causar
"espécie" !!!

Isso mesmo. Poesia
tem que causar
sensações!

Boas, más,
porém nunca
indiferentes...
A não ser que
sejam
falsamente
indiferentes!


Prefiro que minha
opinião
(portanto poesia)
não seja tranquila... banal...
equanime, social, igual, plural...
( quase de centro esquerda )

Pretendo que provoque
vômito, já que ela é vômito.

E que cause regurgitos mil...


Que provoque reflexão.
Ou não...
Que cause revolta
ou tristeza
ou paixão.


Pretendo que poucos
ou ninguém goste
à que alguns a
achem "boa o suficiente"

Prefiro repulsa,
ódio e até asco

à indiferença...

E peço:

Por favor achem nexo.

Achem nexo!!!!
Mesmo que que o nexo seja nenhum!

Agora... Preciso pagar a conta.
Vou te ouvir.
Qual sua opnião?




db (17/04/2015)

quinta-feira, 16 de abril de 2015

O início


Tudo estava
calmo
Ouvia-se só
um som grave
compassado
e tranquilo
Não havia
tempo
só espera
Não havia chão
flutuava-se
tudo era
devagar
e a cabeça era
deliciosamente
vazia
Tudo era paz e
ritmo
tum-tum,
tum-tum,
tum-tum
Ritmo calmo que
raramente se
acelerava
Mas um dia
o ritmo aumentou.
Alguma coisa
importante ia
acontecer...
Os movimentos
eram diferentes
rápidos
sofridos
Outros sons
se ouviam
Sons assustadores
desconhecidos
e luz...
de repente luz
luz e sons
sons e frio
movimentos
bruscos e
frio,
e de tanto
susto
e fazendo força
um som saiu
de dentro dele
chorou
nasceu e chorou...

db (16/04/2015)
da série "Histórias do Zé"

quarta-feira, 15 de abril de 2015

On the road

Um dia resolveu
parar de pensar
bebeu e concebeu
coisas
coisas que podia
e queria fazer
Escutou com a boca
e ficou
impregnado de odores
cheirou o novo
e pariu idéias novas
esqueceu os
riscos
e realizou
que era
inútil pedir
ajuda a um Deus
no qual não cria
Saiu para o
mundo
mãos dadas
com Keruouac
“on the road”
Viajou
comeu carreiras
cheirou mulheres
e fez tudo
que não tinha
feito ainda
e quando
cansou
cheirou de novo
trepou, desceu
subiu, caiu
levantou
e continuou
até o fim
até não
poder mais
Até não ter
mais forças
cansou
dormiu
Acordou
com o despertador
tocando:
seis e meia
da manhã
Levantou
tomou seu banho
e foi trabalhar
feliz
No final
do dia
ele poderia

sonhar de novo...

db 15/04
da série "Histórias do Zé"

quinta-feira, 9 de abril de 2015

É isso mesmo

É  isso mesmo:
O porra louca
Vai distribuindo
A louca porra
e fazendo
Filhos a esmo...
E no desvareio
vai povoando
o mundo
e provocando
enleio
Distribui
a fome
Nem empresta
o nome
e logo some
Ninguém avisou
ao insano
que a água
do mundo
está acabando?
Ninguém avisou
ao demente
que neste
pequeno mundo
já tem muita gente?


db (09/04/2015)

terça-feira, 7 de abril de 2015

Outono

 
As palavras tem saído
cuspidas e só saliva
antes fossem catarro
Ai seria a borra criativa
do sarro do cigarro
...

Sem ciência para pessoas
Nem para fernandos
Estou mais para cinza
quase ranzinza
quase Bukowski
Comungando niilismo
Sem paciência
para aforismo
Foda-se Nietzsche
...

Nem um regurgito
que valha a pena
Nem vômito
que faca a cena
Nem um choro
para inspirar
nem uma gargalhada
que escancare
O que nao quero
mostrar

...

Não estou
nem de prosa e nem de verso
e pra conversa tao pouco
estou
no acesso do inverso
No vazio do oco
...

As folhas caem mortas
Junto rimas escrotas
Chegou o outono
só me vem ideias rotas

Sem inspiracao, só sono


db (07/04/2015)
(outono)

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Fugi de escrever

Fugi de escrever

pra não ter que dizer
O que você  já sabe
 
Não sei por que fugi
Só sei que o branco
da página que não escrevi
Exigiu um escrito
que  demorou a sair
e agora saiu
feito um regurgito
 
Não sei se notou
muito tempo passou
Muita dor e ferida
Muita água rolou
umas vezes pura
outras poluída
 
e entre afetos e
desafetos
Já estamos juntos
há duas filhas e
dois netos
 
Fugi de escrever
Talvez porque tenha
ficado difícil dizer
O que é tao simples: 
 

Amo você

db (06/04/2015)

"E que as palavras
difíceis
que sempre temi 
dizer
podem agora ser
ditas:

Eu te
amo. "  (Confissões - Charles Bukowisk)

sábado, 21 de março de 2015

Viver é foda!

Podemos sempre mudar de opinião
E isso não nos torna menos dignos
A gente pode sempre se arrepender
Mas isso não nos tornará menos culpados
As vezes podemos voltar atrás
O que não mudará o que foi feito
Mas podemos aprender com tudo isso
ou não...
db 21/03/2015

sexta-feira, 13 de março de 2015

Construções

Aquele prédio matou o sol
O outro apagou as estrelas
Sei que elas ainda existem
Mas não consigo mais ve-las
Vejo asfalto e construção
E lá se vai a natureza
Fica tudo impermeável
Sobra o concreto e sua dureza
Agora só se enxerga o perto
O longe já não se vê
Sei que o longe ainda existe
Mas só o vejo na TV
Um dia ainda vamos embora
Prum lugar onde paisagem é logo ali
Onde há cheiro de terra molhada
Onde há canto de bem-te-vi

db (13/03/2015)
sexta feira 13/mesmo

"Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz..."

Manuel Bandeira

quarta-feira, 11 de março de 2015

Tempos maquiavélicos

Nicolau Maquiavel viveu na primeira metade do seculo XVI. Ele admirava Cesar Borgia que era filho do Papa Alexandre 6. 

Borgia nomeou Remirro de Orco para governar a província de Romanha. Sua missao  era apaziguar a região e para esse intento o governador usou de muita violência com a concordância de Borgia.  Tendo a missão cumprida, seu chefe imaginou que a população  se voltaria contra ele e então mandou matar o governador e expôs seu corpo partido em dois em praça pública.

Para Maquiavel, Borgia era um líder virtuoso que não media esforços para manter a paz. Borgia entrou para história temido e admirado pelo auto do clássico "O Príncipe".

Embora não seja de sua autoria, a frase que talvez melhor defina o pensamento de Maquiavel  é  “ Os fins justificam os meios”.

Maquiavel inaugurou a idéia da prática política independente de valores como a honestidade, e sinceridade,  onde o importante é se manter no poder.

Em "O Príncipe", ele mostra que a quebra de promessas, a mentira, a dissimulação e até o assassinato de inimigos são próprios da política.

Alguma semelhança com nossos políticos? Não, claro que não...

db 11/03/2015

"Nao se afaste do bem, mas saiba valer-se do mal, se necessário."
 Maquiavel


terça-feira, 3 de março de 2015

Verdade perfeita

Quer a verdade?
Me explique qual delas.
A sua, a minha ou nenhuma destas?
Prefere a que eu não quero contar
Ou a que você quer ouvir?
Quantas verdades existem?
Uma só. Só a sua.
A única  é aquela
na qual acreditamos.
Pena que não é tão única assim
Por mais que isso  irrite
Por mais que se discuta
Outros tem outras verdades
Quer uma verdade que não te ofenda?
Me diga no que você acredita
E eu acharei uma verdade perfeita.

db 03/03/2015
religiao/face/tato

"Doa  a quem doer. Doe a verdade" db

Fui e voltei

Ontém havia árvore com com muita sombra
Hoje ar condicionado com muitos BTUs
Hoje o número de helicópteros me assombra
Ontém no céu eu só via urubus
Agora vejo TV  com com pixels a dar com pau
Antes eu via janela com vista pro meu quintal
Tenho agora um smartphone com memoria gigante
No passado eu tinha duas latinhas e um barbante
Eu empinava pipa e jogava dominó
Hoje ver crianças brincando me dá dó
Naquele tempo eu corria pra rua e jogava bola
Hoje as crianças crescem dentro da escola
Eu tinha um cachorro chamado Pirata
E meu amigo tinha um gato chamado Frajola
Os dois viviam na rua, o gato e o vira-lata
E nós odiavamos passarinho na gaiola
Minha cabeça era núvem e meu olho era água
Minha mão era árvore e meu pé era chão
Não tinha stress, nem ódio, nem mágoa
Não havia pressa, nem tristeza, nem solidão

db 03/03/2015


"Só empós de virar traste que o homem é poesia" (Manoel de Barros)
só/tarde/calor

Doa a quem doer, doe a verdade

sábado, 28 de fevereiro de 2015

Merda!


Escrever é uma merda:
Te escancara!

Fernando Pessoa é uma merda:
Me escancara!

(Finjo tão completamente
Que chego a fingir que é dor
a dor que deveras sinto...)

A dor é uma merda:
eu a descrevo e me escancaro!

E os que lêem são uma merda:
Pensam que entendem a dor que sinto!

(Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não tem.)

Eu sou uma merda:
Quando não quero escancarar!

(Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!)

O arrependimento de ter escrito é uma merda:
Me escancarei!

Mas já escrevi:
Merda!


db Merda! (28/02/2015)
tarde/cinza/chuva

Fernando Pessoa em "Autopsicografia" e "Isto"

Juízo sem final

Quando a respiração é rara
Quando é pesado o peito
E nada que se faça sara
Quando não se encontra o jeito

Quando o erro é presente
Quando a culpa não se afasta
E o castigo é recorrente
E já não basta e nunca basta

Quando calar já é remédio
Que não cura e que vicia
E quando o vício causa o tédio
Silêncio que  não alivia

Recolher-se é preciso
Mesmo que sem prazer
E se não me falha o juízo
Aí o jeito é escrever

db 28/02/2015
sábado/chuva/dor

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

"A vida é água na peneira"

Não quero falar da morte

Não quero falar da morte
porque a vida me é rara
feito ar puro
em cidade grande
feito cheiro de mar
onde não tem mar

Não quero falar da morte
porque muitas vezes
já morri por medo dela
morri quando me calei
e devia falar
Morri quando fui
indiferente e devia
ter chorado

Não que falar da morte
porque dela quero distância
embora eu saiba que
ela ande ao meu lado
na espreita
e vou me esquivando
com a destreza de
quem tem medo

Não quero falar da morte
porque (embora com medo)
sinto prazer em desafia-la
e aprecio o gosto
amargo do perigo
perigo que é primo da morte

Não quero falar da morte
porque ela é companheira
de viagem
e embora se pense virgem
a morte é mulher da vida
e se deita com todos
e com ela todos se deitam

db 23/02/2015

"A vida é água na peneira" db

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Em todos os sentidos

- I -

é preciso            /      haver               /     arte                 /       em todos         /        os sentidos
haver                 /      arte                  /     em todos         /      os sentidos      /         é preciso
arte                    /      em todos         /      os sentidos     /      é preciso          /          haver
em todos           /      os sentidos      /      é preciso         /      haver               /          arte
os sentidos        /      é preciso         /      haver               /      arte                 /         em todos



- II -

ARTE              :       ARDE                     :           EM TODO          :           O SENTIDO
ARDE             :       EM TODO              :          O SENTIDO        :          ARTE
EM TODO      :       O SENTIDO           :           ARTE                  :         ARDE
O SENTIDO   :      ARTE                       :          ARDE                  :          EM TUDO


- III -

é preciso  haver arte : arte arde em todos :
em tudo o sentido arde : o sentido arde arte :
em tudo arte arde : em tudo arde os sentidos:
o sentido arde : para a arte ter sentido:
é preciso haver arte em todos : em todos os sentidos
: em todo o sentido : é preciso haver arte




db (19/02/15)

"um astro é somente uma pedra com defeito" Apócrifo de Paul Valéry

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Penso. Logo insisto


O que antes era idéia
sonhada pelas cores
das tintas e pelas
cerdas dos pincéis
agora não passa
de pixels na tela
eletrônica
O que foi pensamento
lapidado pela caneta
nervosa e por uma mente
inquieta
hoje é  frase vaga
clonada e viral
em uma rede social
qualquer
As vezes nem escrito é:
Vira meme.
Penso: Logo logo desisto...
Repenso: Resistir é preciso.

Concluo: Penso. Logo insisto.

Imagem: makeuseof.com
db (18/02/15)

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Penso, logo a resposta existe


Ouço e me calo
mas se me incomodou
respondo mentalmente
de várias formas diferentes
repenso a resposta
respondo novamente
várias vezes
até ter a certeza
que já disse
tudo o que queria
da forma como queria
isso tudo sem dizer
uma palavra
é praticamente um
universo paralelo
onde tudo acontece
sem nada acontecer
(qual foi a última
vez que você me
disse algo que possa
ter me incomodado?)
será que meu interlocutor
pensa que não respondi
nada?
será que ficou satisfeito
e se convenceu
de que tinha razão por não
ter havido uma resposta
audível?
não me importa
saciei-me com minha
discussão mental.
e ele, pobre coitado,
nem sabe disso e pode
contar vantagens...
As vezes é melhor
pensar no que falar
do que falar
o que pensa o
tempo todo
você pode nem saber
a resposta que
está recebendo.

Douglas Bunder 09/02/2015

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Tempo

Tenho andado aflito
com o tempo
Com o tempo que resta
cada vez menor
Não só com o meu
mas  com esse
tempo contagioso
que faz todo mundo
envelhecer

Não sinto saudade
do passado
Sinto falta do
tempo em eu tinha
muito tempo
para fazer as
coisas das quais
um dia eu talvez
sentisse saudade
Sinto falta
de quando
eu não sabia
o quão finito
é nosso tempo

O tempo passou e
não sinto saudade
mas é uma falta
de saudade
que doi.

Douglas 06/02/2015

domingo, 1 de fevereiro de 2015

A Festa

Culmina a festa no
Auge do álcool
Santo álcool
que faz com
que se diga
bêbado o que se
pensou sóbrio
Sobriedade que não
HAVIA
na entorpecência
da noite,
na alegria da
celebração
Brindava-se a amizade
NA FESTA
e  continuava ao
som das gargalhadas:
riso que ri até provocar
UMA LAGRIMA
E quem se arrepende
NO
momento do riso?
E rolam
histórias de cada um
em cada
CANTO
Alegria, sofrimento
certezas e incertezas
em cada rosto
saltavam
DO OLHO
para quem quisesse ou
pudesse ver.


Douglas Bunder (01/02/2015)

"Não sou eu quem dirige a palavra, é ela quem me guia"

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Soneto para irritar Drummond

Eu queria compor um poema claro
um qualquer que qualquer um poderia escrever
Eu queria inventar um poema sem nada de raro
leve, aerado, muito fácil de entender.
Eu queria que este poema, depois de um tempo,
em alguém ainda despertasse o mínimo de prazer
E que, embora simples, ainda fosse um alento
mesmo para quem o esquecesse de ler
O poema seria simpático e puro
e haveria de acalmar, haveria de fazer sorrir
seria uma luz lumiando um quarto escuro
E ele iria ser lembrado no futuro
como uma brisa no rosto ou um poema no muro
Uma coisa gostosa de sentir
(uma paródia para Oficina Irritada de Drummond)
Douglas (29/01/2015)

(uma paródia para Oficina Irritada de Drummond)

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Dúvida.

Não invejo quem tem certeza
Certeza de
alguma coisa
ou de
qualquer coisa.
Eu não tenho certeza de
nada
No máximo uma
certezazinha provisória
Certeza mesmo,
de verdade
só do meu desconhecimento
na minha incompletude
da minha ignorância.
Minha força é
minha dúvida
Ela é minha companheira
e convivo (finalmente)
bem com ela.
Enquanto eu tiver
dúvidas
sei que estarei vivo.
Mas não tenho muita
certeza disso...

Douglas Bunder (28/01/2015)

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

No trem

Enquanto o trem
engole e vomita gente
Leio a placa que diz:
"Guarde bem seus pertences"
E penso:
O que mais me pertence
além de meus pensamentos?
E como guarda-los se
são tão voláteis?
São como nuvens 
se transformando o
tempo todo.
Infinitamente
fluidos.
Inconsequentemente 
donos de si.


Douglas (26/01/2015)

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Silêncio

Falo pouco.
Timidez? Falta de paciência?
As vezes uma, as vezes outra
A maioria das pessoas
com quem quero falar
São distantes
Ou quietas como eu
Com as que eu não quero
fico calado
Medo de que respondam,
comecem a falar
e não parem mais, nunca mais.
Mantenho então
um silêncio de
falsa educação
Olá. Como vai?
E no "como vai"
me arrepio:
E se ela resolve contar?
Já com outros,
aqueles que me interessam,
de fala baixa e mansa,
fico calado na espera.
Suas histórias, verdadeiras
ou falsas, me interessam.
e espero que venham fluídas
E que eu possa ouvi-las
encantado e em silêncio.
Aí, quem sabe,
Num momento ou outro
Eu possa também
contar minhas histórias
Verdadeiras ou falsas.

Douglas Bunder (23/01/2015)

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Quem nunca? (ou Na fotografia é tudo bonito)

 
Então você nunca saiu com  a camiseta do avesso
Nem nunca vestiu uma meia de cada cor
Nunca deu um tropeço
Nunca saiu de casaco quando estava calor
Então você nunca contou uma mentira
Na frente de quem não devia
Nunca fez uma fofoca
e depois disse que não sabia
Nunca fez uma merda
e  foi ridicularizado
E se remoeu por dentro
Mas  fingiu ser educado
Nunca foi vil ou avarento
Nunca traiu nem foi traído
Nunca foi sujo ou nojento
Nem dissimulado, nem fingido
Nunca foi covarde e fugiu da briga
Nem de ter medo foi capaz
Nunca elogiou pela frente
e falou mal por de traz
Nunca foi pego no flagra
Nem cometeu uma falha
Nunca se masturbou no banheiro
e depois limpou na toalha
Nunca peidou sem querer
e deixou aquele fedor no ar
Depois olhou ao redor
pra ver quem iria culpar 
Nem mesmo soltou um arroto
Não foi chato ou avarento
Nunca foi mesquinho ou escroto
Nem sujo, nem nojento
Se você nunca fez nada isso
Garante que não mente
E não tem medo de castigo
Você não é da categoria “gente”
É muito mais, você é foda
É gente em quem se confia
Você, na revista de moda,
É a própria fotografia.
 
 
Douglas (20/01/2015)
 
“Então sou só eu que é vil e errônio nesta terra? (Poema em linha reta – Fernando Pessoa)”
 

sábado, 17 de janeiro de 2015

Debaixo da palavra fria


Para o bom entendedor
Sugiro ler até o fim
Ler só a metade
Não te aproxima de mim

Nem tudo que escrevo é verdade
Nem toda a verdade eu escrevo
Tem muito de mim das palavras
Mas abrir de mais, não me atrevo

Como Pessoa diria
"Todo poeta é um fingidor"
Mas mesmo na palavra mais fria
Há muito da minha dor.


Douglas (17/01/2015)