segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

NA ESQUINA DE MIM

TEM UMA RUA 

QUE NÃO TEM FIM

Poesia só pela poesia

As vezes quero escrever algo tosco
Sem coesão, sem nenhuma rima
Ou, no máximo, só com rimas pobres
Sem colorido, só um preto fosco
Sem emoção, sem tensão, sem clima
Que fique longe de sentimentos nobres
Algo que não inspire nada
Poema que não seja digno
Que despreze a métrica
Que não tenha ritmo
Não revele um signo
Que não tenha estética
De ideias seja só um atmo
Que qualquer um entenda
Que não encerre segredos
Que seja de fácil leitura
Que não gere contenda
Que não revele meus medos
E que não seja literatura
Que só contenha versos banais
Expressões chulas, impropérios
Que não demande conhecimento
Nem grandes esforços mentais
Sem enredo e sem mistérios
E que logo caia no esquecimento

db

Dja

Estava à toa na vida
E conheci Djanira
Djanira das cores
Das múltiplas dores
Dos pés de café
Djanira de Avaré
Dos anjos Djanira
Da força e da fé
Que a vida não tira
De Santa Tereza
De lá para o mundo
De tanta beleza
Simplicidade singeleza
Num olhar profundo
Estava à toa na vida
E Djanira conheci
Das tintas das telas
Das santas mais belas
E me enterneci
db

Peripatética poesia

Prefiro a peripatėtica 
poesia da rua
Dos becos
Dos bêbados 
A ideia nua
Dos insanos 
Dos doidos
Que adoram a lua
Procuro a mensagem
Que não se fala
A palavra
Que não se pronuncia
O pensamento
Que abala
Verso que extasia
Quero a loucura
Das ideias francas
De pessoas raras
Que em meio a tantas
Estampam sonhos
Em suas caras
db