quinta-feira, 21 de junho de 2018

No tempo que eu sabia tudo

No tempo em que eu sabia tudo
havia uma floresta no quintal
Tinha monstros, animais ferozes
e inimigos de filme de cinema
Eu os vencia com uma espada
feita com galho de árvore
Era o tempo em que eu vencia tudo
Lá também havia um poço encantado
Nele tinha água clarinha e era tão
fundo que para alcança-la
a gente usava uma corda infinita
com um balde na ponta
Era o tempo em que eu podia tudo
Também havia uma eguinha
Muito negra e brilhante que
levava leite para todos na cidade
Ela puxava uma carroça que eu
guiava com maestria porque
era o tempo em que eu sabia tudo
Nesse tempo eu também podia tudo
E comia quantos torrões de açúcar quisesse
Rapadura, doce de coração, bala de côco
Comia até doer a barriga
Depois eu tomava água do poço
encantado e tudo fica bem
Era o tempo em que eu vencia e sabia tudo
Agora eu acredito que não saiba nada
E o sentido de vencer mudou
A pesar de ter passado muitos anos
eu ainda vivo lá com a égua Negrinha
e com o poço encantado no quintal
Mas a espada de galho de árvore
que eu usava para vencer os monstros
hoje eu transformei em poesia
db (junho/2018)

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